terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Novo Tempo Litúrgico: Advento

Penha Carpanedo


Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu reino!” E no coração da prece eucarística aclamamos: “Vem, Senhor Jesus”. Entretanto, o tempo do advento nos é dado a cada ano, como SACRAMENTO DA ESPERA.

E nós, neste tempo de agora, auxiliados pela reserva simbólica ofertada pela liturgia de cada dia, comungamos desta ansiosa esperança, unindo-nos aos anseios da própria criação, também ela e mais do que nunca, em dores de parto à espera de redenção (Rm 8). Somos guiados/as pela íntima certeza de que do tronco cortado sairá um broto; frágil, mas coroado pelo Espírito capaz de recriar o mundo a partir do seu próprio fracasso em busca da harmonia primordial (Is 11,1-10).

E assim preparamos com íntimo desejo ‘a festa das nossas núpcias’ (Leão Magno) abraçando nossas fragilidades já assumidas pelo Verbo manifestado em nossa carne e ainda por se manifestar plenamente.

Preparamos o natal celebrando o ADVENTO, o mistério da VINDA do nosso Salvador Jesus Cristo que “veio a primeira vez revestido de nossa fragilidade”, “virá no fim revestido de glória” (cf. prefácio I) e SEMPRE VEM, no tempo intermediário do nosso PRESENTE (homilia de São Bernardo, LH, I, p. 137 ). ELE VEM independente da nossa espera, mas justamente porque ele Vem, nos abrimos à sua presença no meio de nós: “agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino”. (Prefácio IA).

Atentos/as às palavras da liturgia e aos acontecimentos do cotidiano, nos colocamos na condição de comunidade-Esposa, vigilante à espera do Messias. Ele virá tão certo como a aurora. Então cantamos: “das alturas orvalhem os céus, e as nuvens que chovam justiça, que a terra se abra ao amor, e germine o Deus salvador”. O Verbo que nasceu de Maria, germinará da terra QUE SOMOS NÓS, como nos ensina a Eco-teologia a partir da nova cosmologia (somos parte indissociável do cosmos). O Verbo é o fruto da mútua cooperação, da admirável troca, entre o céu e a terra, entre o Espírito e a matéria. Por isso nos unimos a toda a humanidade e a toda a criação, em oração suplicante: VEM!! É o grito do próprio ESPÍRITO que se une à Esposa para dizer:: “Maranatá, VEM, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22 e Ap 22,20). Tendo esta tela de fundo, entremos com nossa atenção vigilante, na “alegre e piedosa espera” deste sagrado tempo da nossa esperança.

Texto retirado do site www.apostoladoliturgico.com.br.

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