A sua correspondência com Barsanuphius é célebre pelo «contrato» entre os dois: Barsanuphius aceita carregar sobre si os pecados de Doroteu (atormentado por uma afectividade mal controlada), enquanto Doroteu se protege do orgulho, dos escândalos e das palavras inúteis. Num momento de dúvida em que considera abandonar o mosteiro, Doroteu recorda as palavras esclarecedoras de Barsanuphius: «como a âncora segura o navio, assim fará por ti a oração dos que estão aqui contigo». Destas dificuldades viriam a nascer uma grande atracção pela vida comunitária e a certeza de que a oração dos outros pode apoiar uma vocação para toda a vida.(...)
Doroteu coloca ênfase em «guardar os mandamentos», para ele a única coisa capaz de conduzir a graça recebida no baptismo até à origem do mal em nós, e na «abertura de coração» àqueles que nos acompanham. Denuncia particularmente o orgulho monástico, a competição ascética entre monges, e coloca a humildade no topo da vida espiritual. O conselho que dá aos seus monges, de resistirem às tentações sem caírem no desespero, mas antes com calma e doçura, permanece pleno de actualidade nos dias de hoje. Numa altura em que muitos se sentem paralisados pelo medo do fracasso ou pelas dúvidas, é necessário compreender novamente as palavras encorajadoras de Doroteu: «No momento da prova, permanece paciente, ora e não procures controlar os pensamentos de tentação com os modos humanos. O abade Peomen passou por isso e disse que o conselho ‘não vos preocupeis com o dia de amanhã’ (Mateus 6,34) se dirige a quem está a ser tentado. Convencido de que isto é verdade, abandona os teus próprios pensamentos, mesmo que sejam bons, e mantém firme a esperança em Deus ‘que pode fazer imensamente mais do que pedimos ou imaginamos.’ (Efésios 3,20).» (Carta 8, 193)
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